No caminho, tropeçou no tédio, tem sido assim...
Exageros, percalços, ansiedade, até se deixou de lado, ganhou uns quilos, olheiras e silêncio, viciou em se agredir sozinho.
Derrubou um pouco de bebida no chão, escorregou, foi de propósito. Para lhe fazer mal, para sangrar; a vida é o que você faz dela. Às vezes é um fracasso. Assume, arregala os olhos e diz pra si mesmo: eu sou um fracasso!
Na conta do terapeuta, ele dizia que era precipitado se cobrar assim.
Mas os seus caminhos tem sido percorridos desta maneira: Constantes Fracassos. E diz pra todo mundo que fracassou.
Adulto. Menino. Sozinho. Alguém que não sabe muitas vezes o que fazer com a própria vida. Só segue porque não há como voltar.
O mundo não espera você curar suas dores, tem que seguir assim. Todo despedaçado, remendado, sangrando, se agredindo, sem caminho.
É um desespero olhar pra frente e não enxergar nada. Ainda triste, lhe sobra coragem. De despertar todos os dias e dizer: eu vou tentar. Eu vou tentar. Foi o que lhe restou. Foi esse peito acelerado. Uma coragem absurda de reverter o fracasso. De mudar a história, de ter vida, dignidade. De sorrir enquanto está em declínio, em ruínas, paredes rachadas, dias ruins, tempo fechado. E o tempo demora a passar...
Dá vontade de pegar o menino pelos braços e dar um carinho que ninguém estendeu os braços para dar. De dizer para o adulto seguir aguentando, enquanto o mundo lhe engole, mas não cospe.
Tropeçando pelo caminho, seguindo com a solidão de todos os dias, copo meio cheio, saco vazio, no espelho quebrado de frustrações, se enxerga. Grita pro mundo que você existe.
Não temas, gargalhe, gargalhe para o medo, em voz alta, VOCÊ TEM CORAGEM.
Um corpo que treme e não desiste.
Reage.
Reage.
Reage.
Você segue tentando.
Hudson Vicente.