Estou em estado constante de quedas. Acordo e o mar não nada, não tem bom dia, os dias que foram antes de mim. Sem praia, não alcanço a superfície. Faz frio, existir arde, sinto febre, transborda delírios, tremo e não tem fim de tarde. Esqueci de olhar o céu, o vento carrega solidão, não tem abraço, acolhimento e cais. Sou caos submerso, esperando um bote. Ninguém escuta o grito do homem. O menino sente frio, enxarcado de danos na areia, não entra mais lá. Corri e não alcancei. Vou vendo de longe o amor velejar. Eu não conheci. Tempestade vai, marinheiro afunda, se esconde, como se respirar fosse mais difícil que viver. Se ilude com o canto do mar. Pede pra Rainha te louvar. Mãe protetora do seu orí. Que confusão. Lembra, menino, esquece o fracasso. Respira pausadamente. Inspira florzinha, sopra velinha. Foi o que me ensinaram pra acalmar criança. Chega desse mar de incertezas. A vida é essas marolinhas. Cristalinas. De uma praia que você ainda nem conheceu.
Hudson Vicente.
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