caiu a noite
tão dispersa
deitei na cama
pra sonhar
e apaguei
não olhei o relógio
quando menos esperei
amanheci
segui te esperando
sozinho
tanta espera
sem nenhuma volta
os quadros da parede se mexiam
pareciam tontos feitos por Dalí
surreal
amanheceu
sol na cara
levantei
nem tomei café
queria tomar um porre
não sei porquê
comecei a beber
pus uma música triste
eu me sentia forte
mas estava sem sorte
quase me emocionei
sentei na mesa do bar
tomei alguns goles
contei sobre você
e sorri...
amassei saudade no peito
demorei pra entender
tem que dar espaço
se amar é livre
por que te prendi aqui?
e se os copos refletissem a mesa do bar
será que ainda nos enxergaria
sorrindo
um de frente pro outro?
faz de conta que a tristeza não existe
há sempre uma música tocando dentro da gente
quando a vida aperta
eu banco o poeta
já quando a saudade afrouxa
eu brindo a vida
apaguei o cigarro
tirei o sapato
andei de pés descalços
me doei
mesmo me doendo
saí por aí recitando
"sou uma flor
nessa sua noite suja
quer me abraçar?
não tenho nada além dos meus sentimentos"
que ninguém pense
porque chorei
não vou sorrir mais
preciso insistir
a vida me cobra amor a todo tempo.
Hudson Vicente.