quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Bem vindo ao meu delírio...




Já me levaram dinheiro,
já me levaram presentes,
já me levaram o celular,
já me levaram na brincadeira,
(quase) já me levaram a sério,
já me levaram embora - mas voltei.
já me levaram as nuvens (às nuvens)
e alguns pores do sol,
já me levaram à loucura,
já me levaram ao delírio,
já me levaram à merda,
já me levaram o amor.
Não. O amor não. Este está aqui.
Intacto.
Já me levaram a poesia (à poesia).
Que me levem tudo
e me deixem voar...

Hudson Vicente.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Também sou tempestade



Tem horas que eu paro e me questiono: nossa, afinal, o que eu sou? O abraço dos meus amigos em uma balada? Um corpo descamisado fritando na pista de dança com altas vibrações? Aquele menino que anseia o abraço da sua mãe e um carinho na cabeça todas as noites? Aquele rapaz que tenta ser forte para superar um mau amor que não vingou? Aquele garoto cheio de planos e medos dentro dele, mas com uma enorme coragem de abrir as asas e voar? O que eu sou? Um sorriso bonito, uns likes em uma foto? Uma legenda forte e criativa que busca o meu eu? Um caos ou uma poesia? Olho para frente e aqui parece escuro e frio. A noite não me acolhe, me acode, de um lado para o outro nessa cama pesada que agora faz doer minha coluna. Acendo a luz, me olho no espelho e vejo olheiras. Cachorros latem ensandecidamente lá fora. Não há carros na rua. Talvez algumas almas vagando, dançando sua liberdade, universo a dentro. Meu pai não sabe de mim. Não entende o que se passa comigo, coitado, é melhor assim. Os poucos que sentem, não compreendem. Que estranho: os mortos parecem me entender mais que os vivos...
Eu queria ser o amor da vida de alguém. Minha mãe diz que eu sou. Mas sabem como são as mães... Tenho uma irmã, então, é divido. Sou mesquinho, quero ser o amor da vida de alguém sozinho. Algum dia, por descuido ou poesia, minha, alguém já foi meu, E morreu. Não que tenha morrido, só não vive tão presente comigo. Melhor assim, afinal. Comprimidos quase não fazem mais efeitos. Queria uma droga mais forte. Queria o amor de volta. Um que não doesse tanto. Um para essa tempestade passar. Eu até aceito que me partam o coração, mas não derruba minha bebida que eu faço um escândalo. Enquanto isso, continuo dançando sozinho dentro de mim. Meu caos. É o que eu sou. Só um caos poético. Sem certeza. Não é uma resposta definitiva. Até porque, amanhã, ao amanhecer, eu já não serei mais o mesmo. E terei que ir atrás de uma outra resposta. E será sempre assim. Somos mudança. Ainda bem. Imagina que chato, ser o mesmo para sempre?

Hudson Vicente.