segunda-feira, 29 de julho de 2019

Dessa vez eu vou

Nos meus olhos sempre tem um pouco de lágrimas,
quando sorri,
quando boceja,
quando faz bico pra chorar.
Tenho andando meio ansioso,
de vez em quando até tenho tido umas alegrias efusivas,
logo me vão.
Insistem em me olhar triste, sozinho,
não incomodo,
deixo estar.
A vida que me foi dada
às vezes é cara
cara a cara
não tem afago
sinto um aperto estranho no peito
meu tio sorriu e disse que era infarto,
olhei confuso,
antes fosse,
era um problema a menos.
Jurei com todas as palavras que acabou, estou no fim de mim,
inteiro em pedaços.
Parti querendo nunca mais desejar o amor.
Sou fraco, na primeira oportunidade, vou agarrá-lo de novo.
Me cansei desse passado, dessa velha história, desse caos que me transformei por alguém que mal valia a pena ter vivido um só mês.
Aprendi da pior forma que amor nunca é suficiente. Mas aprendi.
Daqui a pouco ainda vou ter lágrimas nos meus olhos quando sorrir e lembrar de tudo.
Por hora, me deixem no meu canto.
Meus prantos, minhas músicas, minha solidão.
Estou no fundo de mim, pra me refazer, pra me esquecer e recomeçar, sem tanto peso, sem tanta roupa na mala, sem gente pesada do meu lado.
Vou suspirar e dizer à vida:
calma, minha amiga, vou me refazer.
Essa ansiedade lateja minha alma e fere meu peito, vai sentir vontade de ser só saudade de quando eu tinha dezoito anos de idade, era idiota e não sabia o que fazer.
Agora eu também não sei.
Escrevo como quem queria ir embora, mas não me deixam porque não é meu fim.
Antes fosse, antes fosse.
Eu sei que não é assim.
Vamos encarar: meus olhos são lindos quando te veem passar e enchem de lágrimas por ter que partir,
eu vou sim,
eu vou sim.
Dessa vez é por mim.

Hudson Vicente.

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Está tocando minha música favorita

Não me chame agora
está tocando minha música favorita.
Não me puxe agora
estou dançando com o copo e a garrafa na mão.
Quando acabar
você vai embora.
Não vou me lembrar mais de você aqui
querendo atenção.

Meu coração pulsa feliz
já nem sabe que horas são.
Não me encoste
está tocando minha música favorita.
No final você vai embora
e seguiremos nossas vidas
como dois estranhos.

Na luz do amanhecer
ninguém estará comigo na cama.
Minha cabeça vai girar um pouco
eu exagero na bebida.
Dancei sozinho
te vi beijando outro.
Liberei todos os meus demônios.

Por favor
não mande mais mensagens.
Dancei sozinho
com o copo cheio na mão.
Um dia outro cara vai segurá-la
e eu me sentirei seguro no porto.
Não sinta por mim
buscarei ser feliz.

Eles te querem diferente de mim
mas eu vou te esquecer.
Está tocando a minha música favorita
não atrapalhe esse momento.

Vou dançar
vou girar
vou enlouquecer
e vou te esquecer.

Você não é suficiente.
Você não é.
Você não é.

Hudson Vicente.

sexta-feira, 19 de julho de 2019

A poesia vingará

Agora é sério
Rasguei tantos poemas
Desacreditei nas palavras
Em tudo que saía
Não fazia mais sentido
Teu amor mais parece cocaína
Não cheiro, não chego mais perto
Calei a música, a melodia foi embora
Gritei teu nome pro mundo
Queria trocar de coração
Só por um segundo
Dessa vez senti raiva
Não aguento ouvir teu nome
Vou fracassar em perdoar
Quando a música acabar, por favor, se afasta
Vai ser feliz com outro
Que te ame como amei
Que se doe como me doeu
Não te perdoo
Vou dançar sozinho
Voltar pra casa livre
Afinal de contas, tem gente que não sabe receber o amor que a gente dá
Não fui suficiente
Mas agora vou ser
No meu caos eu aprendi a renascer.

Hudson Vicente.

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Se te excluí foi pra te proteger

Vi um menino sentado no banco de um parque, era diferente dos outros meninos. Não chutava bola, não fazia pirraça, não corria atrás de outras crianças, não tinha amigos, não se enturmava. Mexiam com ele, não ria. Esbarram nele, se afastava. Tinha medo do toque, de abrir a boca. Uma menina puxou suas mãos para brincar de roda, não aceitou, sem graça. Quando olhava pro céu parecia contar as nuvens, sentia paz, acho que queria ser passarinho, acompanhava cada voo. Perdia de vista um por um. Passarinho esconde seu ninho. Detestava quando arrancavam flores da árvore. Na Terra parecia seu purgatório, queria fugir pro céu, até que ficaria bem entre as nuvens. Teria o céu só pra ele. Que egoísta. Tua liberdade era solidão.
Não parecia ter pai, não parecia ter irmão, não tinha nem a cara da mãe. Fingia alegria em sentir o vento balançar as árvores e suas folhas caírem sem alarde. Lento como o tempo. Passava a tarde assim. Não falava, não ria, não existia. Não sabia seu nome, só gostava de voar, no seu íntimo deveria ser algum Rei, Príncipe, que seja. Seus olhos brilhavam para os grandes carros que atravessavam a avenida em volta. Não tinha muito dinheiro. Comprava uma pipoca, dividia com um cachorro. Coração batia. Nunca deve ter vivido uma grande folia. No carnaval deveria se trancar em casa ou somente se vestir de bate-bola. Irreconhecível, sempre despercebido. Menino nunca sorri. Sempre conformado, parece que não gosta de existir. Existir dá trabalho, cumprimentar as pessoas, desejar bom dia, perguntar como vai, com a possibilidade de começar um diálogo a partir daí, se aprofundar em algo que não se importa. Parece um espelho quebrado. Parece eu sentado na praça. Minha juventude. Parece eu aquele menino. Se te excluí foi pra te proteger. Aquele garoto sou eu, bem sentado ali. Me deixa aqui.

Hudson Vicente.

quinta-feira, 11 de julho de 2019

As borboletas nunca foram embora

Não me leve a mal, eu tenho um coração enorme, tão grande que cabe tantas coisas boas. Sorrisos, brilho nos olhos, abraço-casa, ternura e pouco de saudade também. Às vezes é saudável, às vezes me destrói, parece que vai sair pela boca. Tem quem duvide. Tem quem ache exagerado. Tem quem ache lindo. E tem eu que acho isso tudo um grande espetáculo que a vida proporciona. Frequentemente ele me sabota, mas não tem problema, sempre levanto. É claro que queria ter um manual de instruções, e dizer assim: "por favor, sinta menos", eu queria era sentir menos.
Contudo, meu coração é grande. Ele é intenso. Quando decide amar, dá espetáculo. Também passa vergonha, é bem verdade. Não me importo. É privilégio. Nesse mundo tão engessado e caricato, até que amar demais, me faz sair da curva, sensato.
Lamento por quem se esconde, quem não se doa. Quem perde o prazer de deixar as borboletas voarem. Eu não. Eu nasci assim, grande.
Coração feliz pulsa sem saber a hora de parar. Deixa pulsar. Só vai saber se entregar.

Hudson Vicente.

terça-feira, 2 de julho de 2019

As flores do teu amor

Eu fico assim, cheio de amores, cheio de mim.
Eles preferem flores e santos.
Lembro teu sorriso mansinho, terno, feito doce.
Saudade da malícia que você dizia que tinha quando me olhava.
Mergulhava num rio de lembranças.
Da vida, histórias.
A poesia do bem descia goela abaixo.
Cantava sem medo no meu ouvido, era quase um zumbido, repetia sempre as palavras doces.
Me "torturava".
Não sabia se era sorte ou só poesia, te ter nos meus dias.
A nostalgia dançava uma ciranda, as crianças brincavam de sorrir.
Era divertido como um quadro do Dalí.
De novo escrevi outro poema e o vento soprou mais uma cena, mas não consigo mais enxergar.
Perdi meu óculos.
Acredita em destino?
Tem que ter coragem pra te deixar voar novamente.
Eu deixo.
Voa.
Eu fico aqui com as flores do teu amor, vê se não vai murchar, faz favor.

Hudson Vicente.