terça-feira, 27 de outubro de 2015

Falta entendimento




Por que tem tudo que sempre dar errado? Por quê? As horas não passam. Os dias não conseguem chegar ao fim. O céu de aparência azul revela-se camuflado de cinza. O deus não atende vossos pedidos, na certa está ocupado com outras coisas mais importantes. As pessoas se olham mas não se enxergam. O amanhã nunca chega. Todos ignoram o menino no sinal vendendo doces enquanto sua mãe está com seu irmão no colo, sentada na calçada, pedindo para algum coração enxergá-la ali. O bebê chora pela frieza dos olhos que por eles passam, e não pela fome. O mar parece revoltado e ninguém se comove. A garota de programa que ninguém dá nada por ela, escreve poesias. O maconheiro problemático fala de amor e só escuta lamentos. O mundo parou de se compreender. O poeta que transborda amor, esconde seu temor. O escritor solitário, nunca deu esperanças ao florista que faz seu coração estremecer. Falta compreensão no peito de seus semelhantes. A menininha de família engravidou e namora escondido uma mulher. O ‘pobre’ burguês cansou de futilidade e hoje trabalha em programas sociais. E eu e você continuamos aqui vendo tudo, assistindo a tudo e não fazendo nada a respeito. Meu time perdeu e o seu venceu. Você está mais triste do que eu. Por que? Mundo… sobram metáforas, falta entendimento.

Hudson Vicente

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Era uma viagem muito louca



O medo tem medo do próprio medo porque ele tem medo de tentar. As pessoas estão umas do lado das outras e não se abraçam, não riem, mal se entreolham, com receio, com medo, porque é mais fácil se recolher à sua própria solidão. Escravos da própria sorte, se mutilam em regresso. Elas não sabem nada sobre o amor. Fingem uma vida normal, cansadas da falta de compaixão da rotina, se entregam. Olhares repulsos, impacientes, estão sentados a espera de algo tão pouco que faz parecer que esperam pelo momento maior da sua vida. Agonizam no caos de suas derrotas cotidianas. Eu olho em volto e me vejo cercado de tanta gente esquisita. E tenho amor. Porque o mundo precisa de mim. Porque elas têm medo de tentar. Tolas. A falta de brilho nos olhos não vos deixam vencer. Deveríamos todos nos dar as mãos e celebrar a vida. Essa brisa que me vidra. Esconder tanta ferida ou expô-las sem medo. E lá vem o trem. Todos levantam-se para não se perder. Concentrados em olhar o nada. Não notam suas próprias existências. Amem. Não amém. Não tem fim. Amar é muito mais fácil do que odiar. Fones no ouvido, algumas mudas. Corrosivo silêncio cansado, maltratado pelo desinteresse. Alguns mais ousados, riem. Talvez porque não entendem o que eu quero dizer. Talvez porque não sabem lidar. Ou porque lidam com o fracasso da própria imagem exposta no espelho cruel de suas almas. Perplexas, se espantam e caem no choro. Não adianta rezar e pedir pro céu pra ser feliz no chão. É loucura. Loucura maior a minha de duvidar de um deus desbravador de mares quando mal entrei na onda. Meu mar me afaga. Me afoga. Mas eu não afundo. Sou Rei. Rei de mim. Espalhando o amor sem medo de amar.
Hudson Vicente