Lá se foi mais uma garrafa de vinho barato. Eu me encontro bêbado, no meio da sala de estar. Sorrio e choro, estão todos sem entender. Manchei minha folha inteira com o resto de vinho. Minha mãe veio secar minhas lágrimas e me deu um beijo na testa. Não a encarei nos olhos. Não tive coragem. Estão olhando para um bêbado ridículo que escreve para se salvar e bebe para se encontrar. Peço para que me deixem só. Essa é a minha sentença. Chorar, sorrindo, no meio da multidão.
Não vou culpar ninguém. Não há abraços que me acolham neste momento. Vê? Estou triste. Aqui ninguém é feliz. Não há quem me ame. Perdi o tesão e o brilho nos olhos.
Pode tocar, não vou te sentir. Estou anestesiado. Sou só um drogado, viciado em solidão. Não precisa ter paciência, nem me mostre o caminho, não me siga, estou perdido.
Desliga tudo, apaga tudo. Abre a janela. Me deixa olhar o céu. Sentir a imensidão. Me sinto vazio. Amei a lua e as estrelas. Mas isso aqui não é sobre amor. É desequilíbrio sentimental. Pode ir embora, só não deixa meu copo vazio.
Hudson Vicente.