terça-feira, 23 de outubro de 2018

Parece que já estava escrito


Sempre comemorou à chegada da Primavera, embora nunca tenha sido flor que se cheire. Aquele menino tem um sorriso encantador. Aquele menino me fez sonhar. Aquele menino me fez gozar. E amar e sumir, sem um adeus ou até breve. Me fez ir embora e deixar sonhos, planos, lembranças que fere a alma e dança. Erra todos os passos. Bailarino ao avesso, me entristeço. Quem pode ouvir a música no acorde do violão, triste, sem tom? Quem vai tocar na despedida do coração?
Bate, mas não me fere. Eu sinto, reflito cada verso daquele poema, daquele poeta, sem problema, mais uma linha, por obséquio. O som da sua voz se repete, de repente se cala. Devasta a alma, vaga por aí, divaga...
Eu não presto, quando falo daquele verso lá de cima, perdeu poesia por acreditar em 'putaria', amor e outras drogas feito cocaína.
Cheirou, chorou, se perdeu, não me comoveu. Tentei falar de flores, porque era primavera. Tentei plantar amor em alguns peitos que não haviam espaços nem para florir. Murchei. Insistiram e eu desabrochei, criei raízes com amor próprio, às vezes ia embora. Com o tempo, aprendi e tomei gosto por partir. Se não fosse pela tempestade a gente nem saberia que florescia.
Garoto... nunca soube da sorte que tinha, muitos queriam, enquanto só você tinha... pena que se perdeu.
Se achar dá um trabalho. Toda hora a gente recomeça. Toda hora a gente desmonta. Mas o importante é recolher o que ficou de bom e se refazer.
Tropeça e cai
Tropeça e vai
Vai sem medo
Dos teus abismos.
Preste atenção no céu, as estrelas também sorriem quando a vida parece difícil.
É, tem acaso que acontece e parece que já estava escrito.

Hudson Vicente.