quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Amor e folia



Tu seguravas uma rosa na mão esquerda, o copo na direita; sorrias aberto como se não existisse problemas no mundo. Te olhava e o caos cessava. Tu eras como um poema recitado prestes a explodir.
Quintana te descreveria  com cuidado e eu com afeto. Teu caminhar era uma quase incerteza; dias de chuva, demorados. Teus olhos e sorriso brilhavam como se fossem sol. Encantavas e não era pouco.
Tu pra mim, eras um fim de tarde no Arpoador, depois de uma quarta-feira de cinzas. Confetes e serpentinas espalhados no meio do salão. Tu foste minha bateria de Carnaval. Comissão nota dez. Giraste a baiana sem perder o compasso da dança. Aplausos. Ninguém entendia: como que se disfarça amor em plena folia?

Hudson Vicente.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Só teve amor



Quando você foi embora, me deu vontade de ir também. 
Me jogar no mar, sumir pelo céu, construir minha imensidão em outro espaço. 
Fiquei sozinho. 
Menino. 
Desolado. 
Abracei o vento com o coração partido. 
Segurei na mão vazia o colo que perdi. 
Fica a história de amor impossível, lindo. 
Fica a lembrança que adoça e fere, linda. 
Ficaram nós. 
Nos desataram. 
E o que sobrou pra eles? 
Parte de nós. 
Vou te guardar aqui na minha poesia. 
Ela é a nossa única eternidade. 
Faz parte da viagem.

Hudson Vicente.