segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Abraça Sol o que te faz feliz

lá vai menino
risonho
feliz
abrindo os braços
sorrindo
franzino o nariz
quase fecha os olhos
de tanto brilho
coração palpita
inquieto
de longe dá pra te ouvir
chegar e voltar
é tanta luz
nesses passos firmes
igual rocha
procurando a lua
no meio da rua
noite a fora
mundo a dentro
vai bailando e brincando
girando a vida
colorindo o dia
de cores desconhecidas
azul-amarelo-verde-vermelho
vai trazendo aurora
quando o tempo parar de voar
vem
menino risonho
abraça "SOL" o que te faz feliz
pode ser eu.

Hudson Vicente.

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Nossos laços viraram nós

Decidi que não te amo mais.
Não gosto da cor das estampas das suas cuecas. Do seu mau humor antes de dormir, você não sabe se despedir. Não gosto também do barulho do seu ronco, até tolerava suas olheiras e canções matinais. Detestava a roupa que você vestia amassada para ir trabalhar, sua falta de paciência em desejar bom dia e fazer um carinho quando estava frio.
Eu me importava com você mais do que seus próprios amigos no final do dia. Você passava horas com eles ao telefone e cochichava coisas para me irritar. Quando eu pedia um abraço, era frio. Quando eu pedia um conselho, vinha um esporro. Quando queria contar meu dia, minhas alegrias, fazia pouco caso. Realmente, não dá pra te amar sozinho. Você não sabe receber carinho. Depois não reclame de solidão.
Seja livre para ser feliz como quiser.
Você diz que me ama, mas seu amor é pesado. Gosto de você, só não te amo mais.
Nossos laços viraram nós.

Hudson Vicente.

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Te desafio a ser melhor

Não sou de inventar sorrisos. Se algo não me agrada, fica nítido. Não estou aqui para satisfazer ou suprir às suas expectativas. Nem você, nem ninguém as minhas.
Pouca gente tem coragem de tirar o time de campo quando se está perdendo e a torcida do outro time faz mais barulho que a sua; constrangida, já não restou mais ninguém na arquibancada. Vejam só, essa é uma grande analogia da vida.
Aceito quando perco, me perdi, cruéis, não me devolvem. Problema é meu. Vou te entender, não vou gritar. Minha garganta não tem voz para competir com seu barulho, inquieto. 
Não me camuflei em alguém para ter carinho de ninguém, quem disser o contrário, não me conhece. Perdeu uma parte boa. Não conviveu com as histórias tristes. Escrevo meio confuso agora. É proposital. Do que estou falando?
Queria dizer que morrer não dói. E olha que já morri algumas vezes mas nunca me enterraram. De alguma forma, me traziam de volta, me davam gole de vida e eu me arrastava, meio constrangido.
Já perdi a conta de quantas vezes quis ir embora nesses últimos tempos, olho pro lado e não me deixam. É o sorriso inocente da criança, o olhar marejante dos meus que me comovem, não me permitem partir. Aqui dentro também há uma história que grita que não acaba aqui. Parece que a estrela ainda vai brilhar.
Amo o mar e tudo que nele traz. Até suas tempestades. Descobri que o fogo dos meus olhos são maiores do que o fogo do rabo. E faz tempo que não acendo. Te acenei de longe, é melhor assim. Agora entendo porque nunca deu certo. Sua água me apagava. Eu brilho e explodo longe do mar. Meu fogo não se contém. Vou te explicar, vou te entender, vou me refazer, vou te escrever como a lua que sai de cena no amanhecer e deixa o sol Reinar. Ambos apesar de distantes tem o mesmo céu, se cruzam, se amam, se desejam, mas não dá certo dividirem o mesmo espaço por muito tempo. Com a gente é assim.
Te admiro de longe, me aplaude daí. Como num quadro, a gente fica bem exposto. Há quem veja beleza, há quem fique surpreso, há quem prefira o silêncio,  há quem queira ganhar o mundo. No final disso tudo, cada um entende a força do outro, o carinho, o respeito, o sorriso e o choro. Não vou me desculpar por ter te odiado em alguns instantes, não vai me perdoar por não ter me amado como deveria, acontece. Faz parte da vida. Eu queimo, você apaga. Eu explodo, você mareia. A gente tempestade, nossos caos. E o mundo contra nós.
Observe a compaixão do céu, a empatia da vida conosco e agradeça. Absorve e extrai só o que for bom. Canaliza o que for ruim e transforma em pedra, não vira flor, não faz simpatia. Somos ímpares, par só combina se a gente dançar dois pra lá e dois pra cá. A tragédia de uma bailarina é sofrer e ter que sorrir. Rodopiando. Girando, girando, girando.
Vida é o que a gente disperdiça em cada gole ou em uma batida. Se sua flor secar, eu te juro, rego e floresço junto. Daqui a pouco o vento sopra e muda tudo. Tudo é no seu tempo. Respeite o seu. Respeito o meu. Me entende? Não me explica, estou aprendendo. Menino deixa de lado esses sonhos mágicos. Homem feito também sofre um bocado. Te desafio a ser melhor já que o mundo é cruel.
Termino assim: o que te faz feliz?

Hudson Vicente.

terça-feira, 13 de agosto de 2019

O menino tempo passa lento

Jurei pro tempo que ia ser passageiro.
Foi lento, o vento passou, bagunçou  teus cabelos.
Fui teu apego, ligeiro, queria ficar.
Coração batia onde não podia habitar.
Fez eco, teu sexo era o que eu almejava naquele instante, sedento.
Saudade era o que sentia de outro tempo.
Beijei teus lábios como da última vez, jurei outra vez que o fim chegaria, traí a mim mesmo.
Teu afeto era como o sol, me iluminava, eu tinha zelo.
Teu "te amo" demorou, mas chegou. O tempo ainda não.
Esperei muito. Sentia você e nem sabia.
Jurei mais uma vez que agora seria diferente. Me enganei.
O menino tempo passa lento.
Rápido, ninguém sabe a falta que o outro faz. Até eu fugiria de você.

Hudson Vicente.