amador na vida
procura arte
em amores
que são de marte
tem gosto de solidão
dor em liberdade
grito minha alma
quem possa ouvi-la
cintilante aqui
miúda
maior que a onda
que foge da areia
com medo
do próprio mar
canta o vento
sopra arrepio
pareço só
me escondo das nuvens
não irradia
meu grito não ouço
acabo sozinho
aplaudo meu fim
diante do (m)ar
sou multidão em outros
faço arte
com pena da morte
escolhida com sorte
vai me guiar
não me restou
nada além de um sol
eloquente na cabeça
aprendi a deixar saudade
olhei o infinito
escolhi o tempo
danado
passou
tinha outros caminhos
quando abri os olhos
a flor despedaçada
em cima da mesa
levou pra longe
meu amor
um quadro torto na parede
e errei os passos da dança
ninguém mais ouvia
quando todo mundo falava
queria desbravar o mundo
mas mal saía de casa
absurdo
sentir saudade
quando não sentia
o coração.
Hudson Vicente.