quinta-feira, 29 de junho de 2023

Um retrato feliz de nós



Quando dei por mim já não tinha mais vinte e três, mais perto dos trinta, longe dos vinte e seis.
Talvez seja tudo que eu precise falar de mim agora. 

Sou apaixonado pelo seu olhar de girassol. Quero dançar com você, de olhos fechados, até amanhecer. Adoçar essa vista, a vida que te manda pra longe, mas não te deixa ir embora.

Era mais que um lance, quando te olhei de relance, desejei beijar sua alma, de tão linda, o coração chegava palpitar.
Só para deixar bem claro: prometemos não nos esquecer.

E tem como? Como esquecer alguém que só te olhou nos olhos? Só te amou e desejou a eternidade. Mesmo sem saber se ela existe.

Algumas fotografias não dão conta da saudade, da memória que ama e fica, do até breve com gosto de até daqui a pouco. Quem seria capaz de escrever um conto assim? Eu seria.
Seria seu poeta, e você, minha poesia viva.

Desculpa meu jeito, falta de jeito, imperfeito, desajustado, um quase desastre, por pouco, seu cais.

No mais sutil ato clichê: toda vez que eu for lembrar do amor, vou me lembrar de nós. E não desata. Vira laço. Terno.

Vou te guardar no cantinho mais bonito da vida, vou te chamar de amor. Sem saber se fica ou se vai. Gosto de quem sorri azul pra mim. Assim, como um retrato feliz de nós.

Hudson Vicente.

quinta-feira, 8 de junho de 2023

Te esperei sentado para não cansar


Dobrando a esquina, lá vem ele de novo, passos calculados, segurando uma flor, sorriso estampado, regata e chinelo, cabelo bem feito, perfume exalando (é o meu favorito), dá pra sentir seu cheiro do outro lado da calçada, travestido de amor, enfeite de casa.

Nem imaginei que pudesse existir alguém assim, já sabia o caminho, atravessou meu peito antes de subir a escada, se soubesse teria preparado um café.

Sem espinhos a rosa era linda e perfumosa, enchia um rio quando sorria.

Ele nem imaginava, mas era raro alguém assim.

Vinha chegando, vestido de amor, bateu na porta errada.

Ops.

É aqui do lado, alguém sussurrou.

Ajeitou o óculos, mandou mensagem e outra vez sorriu.

Abre a porta.
Hoje a gente não dorme cedo.

Enfeitou minha casa.
Enfeitou minha vida.

Hudson Vicente.

quinta-feira, 1 de junho de 2023

Por que tu não nadas em mim?


Não cansa olhar o céu com esses olhos tão miúdos, quase transparentes, insolar, meu movimento.

Não te cansas olhar tanto, o que estás tentando encontrar? Eu juro não entendo.
Nem se mexe de tão paralisado.

Aqui as ondas em maravilhas marolinhas te transbordam, um bem danado.
Eu canto te vendo, no balanço do mar.

Queria ser rio para desaguar em tu.
Te levar pra longe, mas tu não me alcanças, e sabe, eu me tremo como palavras em busca de ser teu mar, não me contenho.

Te olho daqui de cima, que espanto, nem posso te tocar, tu sabes que é só uma encarnação, fruto da minha Imaginação, na real, sou eu que te invento.

Pode perguntar ao vento.

Vou perguntar de novo: por que tu não nadas em mim?
Já sabes, sou assim, fecho os olhos, rezo por ti, mas por mim, eu não aguento.

Não vou me prolongar, cansei de me atirar, fugindo desse mar, quero olhar outra miragem.

Mas tu sabes que eu sei, tu gostas quando falo de mar.

Ah, mar!

Não precisa se apaixonar por mim,
dessa vez não vou me afogar, aprendi a nadar quando tu recusastes a me ensinar e fui vivendo...
Quando caí em mim.


Hudson Vicente.