Voa alto
Mundo esquisito
vou cambaleando
bêbado
Avisto uma flor
te entrego
te trago pra perto
na fumaça cê some
Me tortura
feito um animal feroz
com sede de sangue
Me bebe
me engole
me faz em pedaços
não te sacio
Vou fugindo
tentando enganar
me esqueço
te perco na esquina
encontro-me no bar
já alto
risonho igual besta
Gira
de repente tudo gira
eu canto
eu danço
eu choro
eu peço
outra rodada
na pista
não dança
gira
Mais cigarros e gargalhadas
um cheiro sútil
decoro e apavoro
a alma de quem vê a cena
Me prende
me solta
atentado ao pudor
me dispo
Me provoca
me beija
me bate
me manda embora
Sobrevivo
Bate
eu sinto prazer na dor
cê para
separa
Me abandona
Me arranca suspiros
gemidos
a noite toda
me chupa com carinho
assim desse jeito
não maltrata
a pele do sujeito
Meu peito vai explodir
o pulso
ainda pulsa firme
de qualquer jeito
No gozo
a alma e o corpo
comemoram
a chegada à glória
Meu poema te recitei
cê fingiu que entendeu
sorriu
me aplaudiu
me comoveu
Do nada
não entendi
chorou
insistiu
eu parti
Peguei o caminho de casa
sem hora
adormeci
Vomitei teu coração
exagerei soluços
disse adeus mudo
pro mundo
cai
Me enfureci
era só sexo
quando descobri
fui amor
quando não notei
Mesmo depois de tantas drogas
silêncio
eu não morri
me matei
Não há um bar
que não fale de você
nessa cidade
Desculpa
Confessei amor antes da hora.
Hudson Vicente