terça-feira, 19 de junho de 2018

Fecha os olhos, vamos voar!



Vai aparecer no momento certo quem for essencial. Seja numa fila de banco ou numa pista de dança eletrônica. Sorrindo e tocando sua música favorita. Canta a letra, nem importa se errou os versos mais bonitos.
É no sorriso do fundo dos olhos que almas se reconhecem, que mentes se conectam e corpos se entrelaçam. Era noite, mas não se via o céu. Fazia frio, mas não se podia sentir.
Na hora certa do relógio - atrasado - do tempo, você apareceu. Sorriso aberto, olho no olho, me enxergou quando todo mundo só me olhava com pressa. Nesse mundo é raro. Tudo fica mais leve quando a gente divide.
- "Que bom que você voltou!"
- "Que bom que você apareceu!"
Hoje eu me sinto bem. Até o som da sua risada sem graça me faz bem.
Voa comigo?

Hudson Vicente.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Quem você consegue ser no final do dia?



Quem você consegue ser no final do dia?
tem afeto aí?
de fato, relevo.
aceito teu jogo.
suspiro. não digo.
vou bancar o tolo.
inocente, entrei no teu jogo.
não era competição e dancei.
sem mesmo ouvir a música.
fui chamado de louco, que bobo.
quem aqui sentiu e persistiu
no mesmo erro de novo?
agora já é tarde, do dia só restam poucos minutos.
se acalme, amanhã a gente tenta novamente.
é uma delícia ser o que é.
há quem duvide de nossas escolhas, tudo bem.
o importante é seguir apostando que no final do dia
tu vai olhar para si mesmo
e saber quem a gente consegue ser depois que vão-se embora todos.
tem sobrado afeto aqui.
quer receber um pouco de mim?
tudo que fui, já me transformei.
renasci um pouco diferente todas as manhãs.
nunca é tarde para seguir tentando, não é assim que dizem?!

Hudson Vicente.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

Esse momento é meu



Andei sozinho a praia toda e nunca chegava no fim. Beirei a areia e o mar. Sentia o vento soprar no meu ouvido; o canto do mar. Poderia até jurar que ao longe, avistei uma sereia. Parecia rainha. Toda de branco-azul-d'água. Cantei todos os versos que me lembrei. Procurava algo que nem sabia que tinha perdido. Ou não queria lembrar. Era de manhã-quase-tarde quando comecei a caminhar. Sol nas costas já nem ardia. No fim de tarde, senti frio. Vi o Sol se pôr dentro dos meus olhos castanhos.
A multidão calava. Era eu e eu perdido na minha própria confusão. Em paz, anoiteci. O sereno acolhia. As estrelas, no céu eram lindas. Dizem que água com sal cura. Minha alma pura era de verdade. Não tive tempo de sentir saudade.
Escrevi todos os meus medos na areia. O mar vinha e apagava. Brincava comigo. Eu sentava e sentia; às vezes, não satisfeito, vinha revoltado e me levava, logo me devolvia. Fiquei por horas no vai e vem da maré. Era mansa. Era minha amiga.
Esqueci o caos lá fora, me concentrei no que estava aqui dentro. Explodia, algo em mim tão forte. Era o gozo da alma. Caminhava e observava a imensidão. Mar e céu se confundiam. Não sabia onde começava nem onde terminava.
É claro, eu achei o infinito. Não toquei, não contei, não dividi. Senti. Descobri: é imenso. Não tem fim. Onde começo? Pelo mar. Meu fim? Que seja doce, essa água salgada. "Eu gosto mais dele assim: quando ele sorri azul, pra mim!".

Hudson Vicente.