segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Era uma viagem muito louca



O medo tem medo do próprio medo porque ele tem medo de tentar. As pessoas estão umas do lado das outras e não se abraçam, não riem, mal se entreolham, com receio, com medo, porque é mais fácil se recolher à sua própria solidão. Escravos da própria sorte, se mutilam em regresso. Elas não sabem nada sobre o amor. Fingem uma vida normal, cansadas da falta de compaixão da rotina, se entregam. Olhares repulsos, impacientes, estão sentados a espera de algo tão pouco que faz parecer que esperam pelo momento maior da sua vida. Agonizam no caos de suas derrotas cotidianas. Eu olho em volto e me vejo cercado de tanta gente esquisita. E tenho amor. Porque o mundo precisa de mim. Porque elas têm medo de tentar. Tolas. A falta de brilho nos olhos não vos deixam vencer. Deveríamos todos nos dar as mãos e celebrar a vida. Essa brisa que me vidra. Esconder tanta ferida ou expô-las sem medo. E lá vem o trem. Todos levantam-se para não se perder. Concentrados em olhar o nada. Não notam suas próprias existências. Amem. Não amém. Não tem fim. Amar é muito mais fácil do que odiar. Fones no ouvido, algumas mudas. Corrosivo silêncio cansado, maltratado pelo desinteresse. Alguns mais ousados, riem. Talvez porque não entendem o que eu quero dizer. Talvez porque não sabem lidar. Ou porque lidam com o fracasso da própria imagem exposta no espelho cruel de suas almas. Perplexas, se espantam e caem no choro. Não adianta rezar e pedir pro céu pra ser feliz no chão. É loucura. Loucura maior a minha de duvidar de um deus desbravador de mares quando mal entrei na onda. Meu mar me afaga. Me afoga. Mas eu não afundo. Sou Rei. Rei de mim. Espalhando o amor sem medo de amar.
Hudson Vicente

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