quinta-feira, 18 de março de 2021

Cinco anos é tempo demais


Em meio à cachorros uivando e gatos gemendo, eu talvez fosse o único cara acordado na cidade, ouvindo inevitavelmente o sonoro barulho da noite, infungível, devagar.

Moroso, eu olhava para o basculante em trincos, da sala, na esperança de encontrar sentido, uma palavra, um suspiro que fosse, para me manter resistindo à tentação de parar de atualizar a timeline do celular.

A ansiedade acerta, bem na cabeça, acelera pretensiosamente os batimentos, fico confabulando em círculos que não me alcançam, quem desconfiaria que aquele encontro despretensioso tão tarde da noite, na volta pra casa, arrastada, me deixaria assim, nas nuvens, planejando na imaginação te ver de novo, de novo e de novo.

Quase cinco anos depois.

Tenho lá minhas incertezas quanto a nós, quero te olhar sem pressa, apreciar esses olhos brilhando, me encarando de rabo de olho, sem medo. Mas sua antiga versão de nós, me abomina, é frágil, não suporta tanto agora.

São mil motivos para te amar e outros mil motivos na contramão.
Quero te olhar de perto amanhã de novo.
O que será que a gente não fez nesses anos todos?

- Ficar perto.

Hudson Vicente.

3 comentários:

  1. Poeta, se eu trocar a quantidade de anos, cai pra mim como uma luva...
    É isso, querido!!!! Um desalento sem fim!!!! Mas a gente supera, né... A gente sempre supera!!!!! 🙏🏼😘

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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