quinta-feira, 17 de maio de 2018

Te convido a olhar a lua



A gente queria se entrelaçar. Nossos lábios parecia que se conheciam há muitas décadas. Nossas mãos suadas, ainda sentiam calafrios como se fosse uma tarde velha de julho. Olhávamos de todas as formas, sorríamos e nos reviravámos para todos os lados da cama. Era mais que desejo e tesão carnal. A gente fazia amor com o olhar. Eu me desmanchava no corpo dele. Ele deslizava no meu. Não parecia que era nossa primeira noite. Nem tão pouco parecia que seria o último dia. A gente se entregava pela alma. A dele, tão linda e singela. A minha tão quente e acolhedora. Num misto de amor e tesão a gente gozou. Suspiros. Gritos. Gemidos. Carinho. Força e rouquidão. A gente gozou. Plenos. Sem vergonhas. Nem a noite estelar foi capaz de nos dizer aquilo que o peito sentiu. Transbordou. Sorriu. Fica mais uns minutos aqui e coça minha cabeça até eu dormir. Deixa eu repousar no seu peito, que você já fez morada aqui.
Te convido a olhar a lua. Pretende ficar ou ir?

Hudson Vicente.

Um comentário:

  1. Muito interessante esse desnudar-se através das palavras. Ainda bem que isso faz parte do jogo do eu-lírico, não é, meu nego? E bom pra gente que, de alguma forma, através de suas palavras, conseguimos (os que temos a sensibilidade para tal) ver além das aparências, muito embora não consigamos ver a essência, mesmo que ela esteja toda aí! Então, bora, simbora viver para produzir mais e mais, viu, nego?

    ResponderExcluir