segunda-feira, 4 de junho de 2018

Esse momento é meu



Andei sozinho a praia toda e nunca chegava no fim. Beirei a areia e o mar. Sentia o vento soprar no meu ouvido; o canto do mar. Poderia até jurar que ao longe, avistei uma sereia. Parecia rainha. Toda de branco-azul-d'água. Cantei todos os versos que me lembrei. Procurava algo que nem sabia que tinha perdido. Ou não queria lembrar. Era de manhã-quase-tarde quando comecei a caminhar. Sol nas costas já nem ardia. No fim de tarde, senti frio. Vi o Sol se pôr dentro dos meus olhos castanhos.
A multidão calava. Era eu e eu perdido na minha própria confusão. Em paz, anoiteci. O sereno acolhia. As estrelas, no céu eram lindas. Dizem que água com sal cura. Minha alma pura era de verdade. Não tive tempo de sentir saudade.
Escrevi todos os meus medos na areia. O mar vinha e apagava. Brincava comigo. Eu sentava e sentia; às vezes, não satisfeito, vinha revoltado e me levava, logo me devolvia. Fiquei por horas no vai e vem da maré. Era mansa. Era minha amiga.
Esqueci o caos lá fora, me concentrei no que estava aqui dentro. Explodia, algo em mim tão forte. Era o gozo da alma. Caminhava e observava a imensidão. Mar e céu se confundiam. Não sabia onde começava nem onde terminava.
É claro, eu achei o infinito. Não toquei, não contei, não dividi. Senti. Descobri: é imenso. Não tem fim. Onde começo? Pelo mar. Meu fim? Que seja doce, essa água salgada. "Eu gosto mais dele assim: quando ele sorri azul, pra mim!".

Hudson Vicente.

Um comentário:

  1. Muito bom, esse jogo, intencional ou não, de antíteses, hipérboles e paradoxos usadas neste texto, meu nego! Acho que vc ainda está sob efeito da viagem a minha amada Bahia, terra das antíteses, hipérboles e dos paradoxos (Veja Gregório de Matos e Caetano Veloso, useiros e vezeiros dessa arte)! Hehehehehehe

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