quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Eu nunca recebi nenhuma carta de amor



É inevitável. Saudade se escreve com pressa. Te amei demorado pra ver se você ficava. Mesmo sabendo que ninguém fica. Já me acostumei com as partidas. Todo mundo já partiu meu coração. Talvez porque nunca liguei para reciprocidade, antes. Hoje, não. Qual o sentido disso tudo? Embora nunca tenham morrido de solidão, às vezes, aos poucos, me sinto partir. Também não sei aonde ir.
Reencontrar o passado, vestindo outra roupa, beijando outras bocas... foi uma agonia te ver distante. Eu sei que a vida seguiu. O globo deu tantas voltas, você era outro, porém com o mesmo sorriso. O mesmo corpo, com outra bagagem. Foi sem sentir saudade.
Não vamos ser cruéis, vivi o meu conto. E se acabou. Te escrevi tanta coisa de amor. Agora vejo que poderia ter sido um livro ou quem sabe, uma receita de remédios pra curar corações partidos, esquecidos, solitários. Ainda sinto gosto do seu último beijo, em outras bocas. Em outros sonhos. Vou guardar pra mim. Na gaveta das memórias, bem lá na parte bonita. Lá dentro do peito.
Tem amor que a gente guarda para sempre. Nem mesmo vivi a eternidade. Apesar de que, não tenho do que me lamentar. Mas eu nunca recebi nenhuma carta de amor. Não vou desistir de tentar. Deixei lá no passado a nossa foto na beira do mar. 

tem nome de anjo
parece um poema
sorri aberto
de olhos quase fechados...
é feito de céu
imagina a cena.

Te guardei nesse cantinho bonito que eu chamo de amor.

Hudson Vicente.

2 comentários: