quarta-feira, 5 de setembro de 2018

A gente se acha


Triste é querer beijar e não poder. É estar perto e não abraçar, não conseguir alcançar. Te sentir de longe e ficar aqui, preso sem gritar. A gente sempre espera do outro um pouco mais de paciência e compreensão. Depois de tanta solidão, depois de tanto se entregar, cansa se doar. A gente percebe que ninguém veio com manual de instruções. É difícil pra caramba repor peças dentro da gente, reconstruir, desmontar... vai ter coisa que vamos bater cabeça e não vai encaixar. Muitos vão deixar pra lá. Eu não. Eu vou fazer questão. Por mais que me doa. E dói. Pode escrever aí no seu caderninho de anotações: eu não nasci pra ser covarde. Se é para amar, eu vou amar. Se é pra ficar longe de você, eu não vou embora agora. Vou ficar mais um pouquinho aqui e vou tentar. Não por ninguém, mas por mim. Quero vê olhos brilhando, sorrindo. Quero assistir a milhares de pôr-do-sol da janela do quarto que dá de frente pro mar. Tem cena mais bonita? Quero vê gente que se gosta sorrir à toa. Escutar e não me aborrecer com o barulho do caos lá fora, da buzina do carro, sol caótico sem hora para ir embora. Quero assistir crianças correndo na calçada, apertando a campainha do vizinho mal humorado e se escondendo. Se ele te visse como eu te vejo, talvez os seus dias seriam mais amenos.
É uma delícia te ver. É um prazer poder sorrir com você. Teu nome eu já escrevi depressa e devagar. Eu já gritei e sussurei diversas vezes no meu sonho. Como eu sei? Só eu sei. No raiar do dia, toda mensagem que recebo penso que é sua. É uma agonia passar o dia sem poder te tocar. As horas sempre demoram a passar. Tudo passa, menos você.
É triste ficar longe, querendo estar perto. É pior ainda, se a gente não tentar, se a gente não caminhar, dia após dia. Vamos encarar? Não é fácil, senão der certo a gente se vira. E se acha...

Hudson Vicente.

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