segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Se respeite

Prometia muito. E no final do teu arco-íris, não tinha nada. Palhaço, pintou meu nariz. Caminhei, sozinho, na esperança de te encontrar lá. Esperei demais de quem não tinha nada a me dar. Amor e carinho até uma puta da via expressa pode te oferecer. Você foi além. Foi gentil, ofereceu companhia, cumplicidade, quase empatia. Sorrimos juntos pela vida. Mas era só uma fotografia que eu tirei às pressas buscando uma eternidade no breve espaço de um momento terno. Você foi covarde. Mea culpa. Preciso me desculpar. Não consigo olhar no espelho e me perdoar. Você quebrou. Pedi, quase implorei que juntasse meu pedaços, como um vento, me espalhou. Estou me remontando, me retalhando por conta de um amor bosta. Não era amor. Era tesão. Fogo no cu, nos olhos, no pau. Passa. Não adianta dizer nos meus ouvidos enquanto gemia que me amava, que seu passado te destruiu. Você fez o mesmo comigo. Se acalme. Mea culpa. Minha culpa. Eu me permiti.
Te pintei como um anjo, qualquer quadro valioso de Michelangelo. Quando na verdade é só uma fotografia trêmula, borrada, uma selfie tirada às pressas, com pressa de eternidade.
Sinto muito por você. Senti tudo por você. Até amor. Ele dúvida? Porcos sabem reconhecer pérolas? Te aceno de longe, foi um desprazer muito grande. Caí das nuvens. Me arrebentei todinho. O coração, tadinho, desalinho.
No sonho mágico, parecia unicórnio, mas era só um burro cansado.
O sentimento não são como nos livros de poesias que li na adolescência. A estante de romance está cheia de poeira. Não vou limpar. Vou arquivar como experiência.
Sou intenso, não tem como deixar de dizer. Não te culpo pelos meus dias tristes. Minha ansiedade generalizada hoje sente um alento. É clichêzão dizer que dias melhores virão quando se estar na merda. Semana passada me senti pior do que o cocô do cavalo do bandido, é engraçada essa expressão. Eu quis morrer por não ser suficiente por alguém que não é suficiente para mim. Que escárnio. A vida vai rindo de mim.
Sua solidão é falta de terapia.
Terapia, centro espírita, igreja, balada, teatro, já tentei de um tudo, não me encontro. Me perdi em outro ponto. Sinto vontade de gritar. É tarde da noite, vou me controlar. É o décimo primeiro chocolate que como, não me satisfaz, isso é mea culpa. Não sinto saudade.
Amei, amei, amei.
Sofri. Encarei. Me destruí por alguém tão oco. Me chama louco, essa rima pobre é pra me afagar, pra me encarar diante do espelho de novo.
Se respeite. É cansaço. É decepção.
Você é bem pior do que parece.

Hudson Vicente.

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