sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Eu nunca cheirei flores na primavera


Estou sempre brigando contigo, te expulsando, te mandando embora. Já passou de meia noite, são quinze pras duas, não tem como tu ir agora. Vou olhar teus retratos e não sentirei mais saudade, parece que roubou tudo de mim, o sorriso, a volta por cima, a vontade de seguir em frente.

Me olho no espelho, em retalhos, me sinto distorcido, alguém que não existe mais. Eu bebi todo veneno no gargalo, nem pra me servir num falso copo de cristal barato. Não sinto nem orgulho de mim. Ninguém entende como te mantenho aqui. Tu ri, faz pouco caso, não aguenta meus dramas. Acha que todo esse sentimento é cafona.

Espero que um dia tu descubras a maravilha que era ficar em minha companhia. Que tu possas sentir agonia em não sentir mais tédio perto de mim. Que tu tenhas a chance de lembrar que virastes tantos versos, mais até que o Chico na vida. 

Vai te doer de longe. Tu só vais me perder. Não rezo por ti. Não sinto alegria em transparecer essa tristeza. Mas eu gosto de onde estou. Meu sonho secreto é te esquecer.
Pra sempre.

Hudson Vicente.

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