terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Ato de revolta



acorda já cansado
sem tempo de se olhar no espelho
não toma café
sai apressado
as roupas amassadas
transporte público um caos
cotidiano sufocante
chega
bate a porta
já não é um bom dia
evita todos
se tranca no banheiro
vê refletido no espelho sua imagem distorcida
trêmula
uma fotografia tirada às pressas
se choca
um suspiro profundo
tira as roupas
primeiro a blusa
depois a calça
e a cueca
saliva
em movimentos constantes crescentes
está pronto
se excita
morde os próprios lábios
acarícia o próprio mamilo
se toca com mais frequência
ensaia um gemido
pupilas dilatadas
nuca roçando a parede
olhos revirando
dedos apertando os peitos
seus dentes os lábios
explode
morde o próprio braço
geme
solta um palavrão
vai soltar
na hora do expediente
vai gozar
jorra
sua revolta
momento de extravasar
batem na porta
ele sorri
tá tudo bem
responde
é hora de se encarar.

Hudson Vicente.

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