terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Se eu não fosse cicatriz


Ah! Se eu pudesse guardar no peito todos os meus amores, esquecer os rancores, não lembrar. Levar os dias mais leves, amenos. E as bagagens, deixar só nas memórias. De um tempo que não fazia sentido. No coração, todos os meus amigos, meus infinitos perdidos por aí... Ah, se eu pudesse voar como um pássaro, nadar como um peixe, ser livre igual. Voar, apenas voar. Esquecer a maldade do mundo, o caos que o mesmo se encontra. Ignorar a hora, aproveitar.
O sol que se foi a pouco, trouxe nostalgia. E periga melancolia durantes meses naquela segunda estupefata de malmequer da rosa retirada da primavera que se foi. A poesia do poeta contemporâneo chega a emocionar, mas ninguém diz. E ele vaga noites atrás das mais tortuosas rimas, tentando compreender o amor que se perdeu na tentativa frustrada de declaração do pipoqueiro da cidade, pela mais bela flor repleta de espinhos.
Viver como nos sonhos mágicos, o azul do céu composto das nuvens feitas de algodão ou algum tom no violão. Quem dera a música tivesse sempre o poder de nos trazer a rima perdida do dia a dia. Enfrentar nossos medos, sem receios do amanhã que ainda nem começou. Nos domingos mansos, repleto de bobagens, talvez eu tivesse coragem para dizer a vida que me escapole entre o anoitecer. 
Ah! Se eu não fosse cicatriz... 
Eu teria todo o amor do mundo.
Hudson Vicente.

Um comentário:

  1. Lindo,Hud. Deixar de ser cicatriz é difícil. Mas a vida fica bem melhor quando a gente tenta ser só amor.

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