sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Por que eu nasci?


olhamos para o céu e pedimos paciência na esperança utópica que vez ou outra sejamos atendidos
queria falar de amor insisto não me deixam falam de amor mas só maltratam
cresci isolado sou da rua desde moleque tive que me virar pai e mãe desconheci
nunca vivi sobrevivi confiei em poucos todos os dias uma luta
olhares me reprovavam me chamavam de vagabundo de dia me batiam de noite sentiam medo de mim
naquela pedra escrevia sobre o amor e sobre os altos muros deixava minha poesia era tudo que eu sabia
eu era como o mar o redentor me abençoava aquele rio todo era meu
acordava com o sol na cara cedo pra vida amor nunca me deram tive que aprender com a vida
às vezes fechava os olhos e conversava com deus eu não entendia: por que tanta gente feliz e eu sofria? pra quê eu vim?
deus nunca se mostrou ou sequer me respondeu cara covarde e injusto se me viu me ignorou
agora já não importa as horas vão passando e eu sinto cada átomo dentro de mim
as verdades me saem entre lágrimas um mar revoltado me leva contra a maré quebra em cima de mim me despedaço
conheci tudo rodei cada canto dessa cidade me apaixonei era maria
entre umas biritas e um rosto desidratado cheirava álcool era só o pó
mas ela se foi como sempre se vão já não tinha mais sonhos ou o brilho nos olhos
me levou tudo que eu tinha o nada o problema foi quando eu encontrei outra
a branquinha foi meu abismo me joguei e estou caindo
vinte anos sol na cara deitado na pedra rindo igual besta constrangendo todos em volta observando a cena - patética
passei fome sede e frio não tive família
em vão perguntei ao cara lá de cima se era a hora não me respondeu
a onda veio forte coração acelerado agora está mais
a gente aceita o fim cansado e maltratado porque é da vida porque a gente tem que partir
e o mundo não me pertence não mais eu sou estatística
me criei no mundão tendo a rua como anfitriã me servia sobrevivência fui até onde deu
olhei para o céu parei silêncio (a)deus.
Hudson Vicente.

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