quinta-feira, 5 de abril de 2018

Respeite minha solidão


Tomei um porre.
Tomei vergonha na cara.
Tomei no cu
ao me lembrar de você.

Corri feito um desesperado quando vi o mar. Quem via, ria, achava simpática aquela cena. Eu estava uma zona, mas quem notaria?
Corri igual criança para abraçar o mar, me perdi em todos os encontros. Não consegui lhe abraçar, ele escapava. Senti vergonha, vontade de sumir. Suas ondas iam e voltavam, eu queria ir mais a frente, ele me trazia de volta pro raso. Não queria me deixar partir. Aceitei. Meio contrariado. Fiquei observando seu ir e vir. Por mais longe que eu tentasse ir, ele me traria de volta.
Sentei na areia, sol forte nas costas. Chorei. Sozinho. Perdido. Igual criança. Ele me ignorou. Aos poucos foi me tocando. Leve, sutil. Beijou meu ouvido, quase me encobriu. Parecia palavras doces. Me entendeu por um minuto o que era partir.
Observei, infinito, a imensidão. Lhe toquei, enfim. Ele ria pra mim. Eu lhe devolvia o sorriso. Meio apavorado, fechei os olhos e agradeci. Um suspiro longo, intenso, terno.
"Tenho tanto sentimento dentro de mim que quando falo deles me sinto pelado e com vontade de vomitar". O que eu faço com isso tudo aqui? Não gritei, não disse mais nada. Só chorei, de frente pro mar. Quando ele me tocou eu senti que eu era forte de novo. Obrigado pela coragem. "Vou sempre ao mar para me encontrar! Respeite minha solidão!".

No mar
meu amor
vira onda.

Ressaca dura? Só água salgada cura!

Hudson Vicente.

Um comentário: