terça-feira, 4 de junho de 2019

Poesia em apuros

Ele sempre senta naquela mesa
do bar
pede seu drink
pega sua caneta e o papel
então começa a escrever
umas cartas de amor
na mesma rua da saudade.
Mais um gole
uma injeção
outra dose
parece um poeta assustado
uma criatura atordoada
carente por amar
todos notam
ninguém se aproxima.
A música ao fundo invade seu peito
lhe deixa risonho
quase acompanhado
embora sempre solitário
ninguém se senta ao seu lado.
Mais uma rodada dupla
vodka
coça os olhos
observa uma bela cena
na sua frente
um bêbado dando vexame
mais um rascunho
uma quase poesia
o amor é uma puta
muitos chamam de vadia.
Maltrata
desenha uma flor
pede a conta
entrega à uma dama
e vai embora
e agora
que verso da sua existência ficou para ela?
Não era uma carta de amor.
Poesia em apuros.
Ar puro.
Amor?
Ou flor?

Hudson Vicente.

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