quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Dentro de você, na rua ao lado.

No meu silêncio profundo, já não sinto mais medo do mundo, queria Deus não sentisse tudo, olho meus retalhos, me perco, me deixo ali, no canto. Meu pranto hoje é saudade. Do que fui, do que poderia ter sido e deixei de ser. Não que agora esteja arrependido. Tenho tudo, menos tempo pra morrer.
Que Deus não me veja mais nessa incerteza de viver no amanhecer, eu nem sei em que parte estou. O que me resta é solidão pra dar e vender. Quem comprará?
Deixa eu fazer um único pedido nessa noite sem sentido? Me beija agora, tira minha roupa, não me deixa agonizar sem antes gozar. Cola teu corpo nu, aqui junto do meu, pela última vez antes de partir. Não, eu não vou morrer mas preciso partir.
Meu fim? Me declarei igual um narciso, sonhador, nem era amor. Teu sexo meu alucionou, me entorpeceu, no ápice do gozo, você insistia que era amor. Só ri. Despudorado nem senti quando você saiu de mim. Era fácil chegar à glória.
Parece tarde pra sermos qualquer coisa além de nada. Minha profundidade te assusta? Sem tempo pra gente rasa. Coisa estranha eu sinto, meu coração tem batido menos, está cansado, pobre coitado. Seria agora meu fim? Antes fosse, que Deus deixasse eu ir, sem fazer alarde. Sempre caio em tentação, entre o bem o mal, vou além.
Ainda não se cansou de me procurar em lugares que eu nunca nem estive?

Hudson Vicente.

Um comentário: