terça-feira, 31 de março de 2020

Anti-herói



amador na vida
procura arte
em amores
que são de marte

tem gosto de solidão
dor em liberdade
grito minha alma
quem possa ouvi-la

cintilante aqui
miúda
maior que a onda
que foge da areia

com medo
do próprio mar
canta o vento
sopra arrepio

pareço só
me escondo das nuvens
não irradia
meu grito não ouço 

acabo sozinho
aplaudo meu fim
diante do (m)ar
sou multidão em outros

faço arte
com pena da morte
escolhida com sorte
vai me guiar

não me restou
nada além de um sol
eloquente na cabeça
aprendi a deixar saudade

olhei o infinito
escolhi o tempo
danado
passou

tinha outros caminhos
quando abri os olhos
a flor despedaçada
em cima da mesa

levou pra longe
meu amor
um quadro torto na parede
e errei os passos da dança

ninguém mais ouvia
quando todo mundo falava
queria desbravar o mundo
mas mal saía de casa

absurdo
sentir saudade
quando não sentia
o coração.

Hudson Vicente.

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