quarta-feira, 22 de julho de 2020

Eu, o menino


Quando menino, sonhava em voar, salvar o mundo, ter superpoderes, dar vida a quem merece viver, consertar as pessoas más, rejuvenescer os mais velhos, morar pra sempre dentro do abraço de minha vó, eu era meio torto, avoadinho, não soltava pipa mas vivia com a cabeça no céu, invejava a liberdade sincera dos pássaros, queria ser como eles.
A gente quando é criança quer ser tantas coisas, problema é quando cresce, o brilho dos olhos que vão embora, ofuscados, de repente, nem nos damos conta de quem somos, cadê aquele menino que estava aqui? A vida transformou.
É como se virássemos peças de um quebra-cabeça e é tão difícil de encaixar. Logo eu, que sempre fui tão desajustado. Nunca me encontrei, onde me acho? É o tempo todo seguindo em frente olhando pra trás, como se o passado quisesse me dar às mãos e me permitisse adulto, ainda ser criança, mas não pode, não permite, não dá.
Ser adulto é isso, é triste deixar quem a gente era lá trás. E complicado é ser quem a gente quer ser. Os sonhos são grandes utopias, hoje não posso mais salvar o mundo, mas posso tentar salvar a mim mesmo.
Menino, descansa agora, que eu vou ali tentar consertar as burradas que o adulto fez, eu vou te amar, eu vou sempre te ter. Não dá pra esquecer de você.
Te abandonar é trair a mim mesmo.

Hudson Vicente.

2 comentários: