terça-feira, 18 de agosto de 2020

Bar lotado não pode


Dizem agora que bar lotado não pode.
Onde então a gente vai se encontrar? Flertar, trocar passos com a solidão de beber um litrão sozinho ou acompanhado. Chamar os amigos. Postar fotos, hastags, dizer que "sextou".

Às vezes pode ser uma terça, cansado da rotina do trabalho, o gatilho do cansaço.
Falar alto, baixo, não entender, rir sem motivo, ouvir Benito di Paula ou até Raça Negra, que seja, poderia ser Rock, Pop, Samba de enredo.

Que enredo enrolado, quantas mentiras, verdades, cantadas, troca de olhares... a gente anda perdendo...
E a vontade de beijar, de dançar, até de chorar, comprar uma balinha pra ajudar o menino que devia estar estudando, mas estava ali trabalhando, garantir seu pão, ou cigarro, ou outros derivados, vai saber...

Por onde andam vocês? Será que a gente já se esqueceu? Ou ainda vamos nos encontrar?
Pra onde foram nossos sonhos, porres, traumas, aventuras, quando nos trancaram em casa? A gente ainda gosta de socializar?

Sei lá, bar lotado de gente não pode. A música se calou. Não tem mais desconhecidos para desconversar. Os redutos das boêmias e praças congelaram, tudo é tão frio. Não tem paixão. Nem rosa jogada no chão, ao lado da mesa, no fundo do bar.
Tudo ficou tão chato. E não pode.

Hudson Vicente.

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