Eu era doido pra gente se encontrar de novo.
Sem hora marcada, sem desculpa esfarrapada, sem essa de deixar para depois, o que a gente podia fazer agora.
Queria não ficar te escrevendo e apagando, com vergonha, com raiva, com desespero, com alento, com pena. Com pena que nossas vidas nunca mais foram as mesmas. Que nossos caminhos nunca mais se cruzaram. Com o receio de pensar que você pode estar me evitando.
Eu até aceitaria o fardo dessa verdade escrita em caixa alta acompanhado de um sutil "me deixa, esquece e vamos vivendo".
Eu queria ser assim, independente. Ser menos persuasivo no sentir. Sufocar menos, sem melodramas, ser menos dependente emocionalmente de tudo aquilo que me afeta, que me esbarra e explode. Parece que comigo tudo é muito raso ou muito profundo.
Você tinha que ver quantas coisas eu salvei e deixei guardado pra te mostrar, quantos livros, fotos, textos, frases eu separei para a nossa próxima conversa. Está tudo arquivado aqui nesse contato frio que a gente mal tem.
Impressionante, não desenvolve. Me sinto aflito de pensar, eu nunca vou me declarar, escrevo esse texto pra depois apagar, ou talvez salve e nunca te diga.
Se me ler, se não me evitar, talvez pergunte para quem foi. Eu juro que vou disfarçar e dizer que apenas senti e me entreguei. Não é sobre mim, não é sobre você, embora seja sobre nós. O que não somos. O que não fomos. O que o tempo não deixará ser.
A vida é mesmo assim, esfria o que queima por dentro. E não transborda onde não cabe. Eu tinha tanta coisa pra te dizer. Tantos porres para dividir. A minha hora nunca chega.
Alguns encontros a vida evita, tem seus motivos.
Poderia ser espiritual, mas vamos deixar para lá. Vamos continuar nos enganando, adiando o nosso depois, marcando pra outra vida, quem sabe...
Hudson Vicente.
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