Não coube dentro de mim
Mas não desabei
Foi surpresa: desaguei
Precisava transbordar
Foi lá, foi cá
Que o mar me trouxe
Chacoalhando bastante
Era só um rio
Me tremendo de frio
No espaçamento entre dois corpos
Não chegava uma decisão
O prazer do mar é ser profundo
Do poeta é emergir
Se perder na imensidão do azul
Quando no final da paisagem se confunde com céu
Relampejava de longe, tempestade
Com desdém a língua cuspia o ódio enxarcado de desencontro
Quem de nós era o infinito?
Reviraram-se os olhos
Suspiraram de longe
Gemia o canto do desprazer de não aprender o nadar
Ninguém ensinou
Onda grande se enfrenta mergulhando
De frente
Mesmo não cabendo
Não sabendo aonde vai dar
Amei de longe a paisagem que se formou sobre nossos corpos amontoados
Ainda suando frio
Tremendo no chão
Qual a sensação de estar por dentro de mim?
Quando nossos corpos viraram um só, você chegou lá?
Hudson Vicente.
Bom ler sobre certos devaneios que a mim não me pertencem mais, pois a idade fez -me tornar sem sonhos, mais realidade mesmo. Por isso, bom ver que em seus escritos ainda há esses devaneios, mesmo que poéticos, mas ainda os há!
ResponderExcluirAbraços e tudo de bom, meu irmão!