terça-feira, 17 de julho de 2018

Nasci com olhos no céu



Hoje a lua escureceu. No céu não consigo ver estrelas. Parece que se esconderam. Senti como se o mundo tivesse acabando. E não era nem o fim do dia. Em algum lugar, alguém partia. Versos que sussurravam, nem rimavam mais. Sofria como se tudo estivesse em agonia. Respirava como se fosse explodir. É uma guerra ser e não saber. Como proceder? Te olham de cima, sem doçura ou encanto. Querem sempre mais. E mais. Pouco oferecem. E cobram mais.
- Quem é que para aqui, respira um segundo, e te dá as mãos?
- Até eu já me esqueci como se reza. Será que alguém vai olhar por nós? Tenho lá meus lamentos. E dúvidas e desprazeres com a vida. Falam sempre: 'não se desperdiça, é um pecado!'
- Acredita em Deus agora?
- Não tenho tempo, isso é uma grande viagem. Ainda me olham com desconfiança. No sonho, é tudo escuro, ninguém escuta o grito.
- De quem?
- Dos fantasmas. Das bruxas. Meus. Do mundo.
- É espiritual?
- Não sei, me parece real. Meu medo é tudo dá certo e o fim ser inevitável. Me liberta do agora, preciso acordar. Quem se importa que seja uma quarta-feira? Onde está escrito que eu não posso recomeçar? Dá licença, vou me salvar (de mim).
- Olhe, no céu parece estar escrito amor.
- Então cuidado, não aponta para o céu e não conte as estrelas... vai que te nasce verruga nos dedos...
Hoje a lua está do jeito que o céu gosta...

Hudson Vicente.

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