terça-feira, 31 de julho de 2018

Tropecei


Você se esqueceu de falar que ia chegar em casa mais tarde.
Eu te disse, não chega mais perto e nem vem.
Você não me liga, não me fala da tua família e não chora, meu bem.
Eu te digo que vou entender, é ruim demais querer subverter essa falta em agonia que você tem.
Já se passou das três, eu que estava assistindo filme inglês, não aguento mais teus dramas e tantos clichês.
Que história mal contada: o mocinho atropelado por um serial killer em perfeito estado.
Você já sabe que não me convence com esse seriado de falso burguês.
Até assistiria do seu lado, a trilha sonora que a gente reluta pra não ouvir rock em francês.
Vai dar quatro e dezesseis, teu desespero em querer reafirmar a história de um cara sem proteção já não me causa mais comoção, me cansou, talvez.
Apague a luz e deite no pé da cama, em silêncio redobrado, antes que eu me desespere e te mande pra sala, para não gritar e me mostrar desolado, não diga que me ama.
Eu bem que tentei, eu bem que te avisei, a gente só se dá bem separado.
Você no seu canto e eu pro meu lado.
Amar também é aceitar que nem todo mundo nasceu pra ficar junto, apesar de se gostar.
Tudo tem seus laudos. O psiquiatra, sentenciou e disse: cada maluco com suas bizarices.
É tolice esperar o fim de braços cruzados.
Boa sorte, cansei de rimar eu e você e trocar por nós.
Não combina, perdeu a rima, a batida, a poesia.
Pê esse: eu te desejo um bem danado.

Hudson Vicente.

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