terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Distante de todo mundo

Por hora, a gente não entende nada. É difícil, pesado, vai e volta no filme, procura as cenas exatas pra achar o erro. É complicado. A gente se cobra demais. Se dói demais. Parece que se ama de menos.
Nunca foi fácil. Crescer, por si só, embola a cabeça, apresenta lacunas e a gente continua sem entender. "O que foi que eu fiz?", "Onde foi que eu errei?". A gente espera muito da vida: compreensão, sonhos bonitos e deposita uma felicidade tão frágil em cima do outro. Aí a gente erra. Então a gente erra, descobre que tinha que ir com calma, que o mundo é raso demais, enquanto a gente é intenso, denso, mais coração do que razão.
A gente se vê louco, perdido, sem saber o que fazer; o outro se apavora, também não sabe o que fazer com tanto desespero e vai embora.
A gente se vê triste, com o rosto embriagado de frente pro espelho. Toma seu porre semanal, passa a semana inteira de ressaca, olhos grandes, cansados, ansiosos, sem tempo de sonhar. Quando se vê, ele também está perdido dentro de si, seu próprio caos, uma confusão.
A gente é jovem demais. E o mundo não espera. Lê todo tipo de frases de autoajuda que manda a gente seguir em frente. Quando perguntam se está bem, a resposta é a mesma: "indo". Mas indo pra onde? Espero que seja em frente.
Tivemos sonhos tão lindos. E o seu brilho nos olhos era encantador. Por favor, cuide dessa dor. Se cobre menos. A gente se deve desculpas. Pare de se maltratar.
Queria que quando acordasse, o mundo estivesse melhor.
Gosto de olhar o céu distante de todo mundo.

Hudson Vicente.

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