sábado, 3 de setembro de 2022

E se a gente se abraçasse?


E se a gente se abraçasse?
Você ainda não gosta de mim.
Talvez eu já goste de você.
É bom que a gente não confunda:
carinho com paixão.
É sempre importante deixar avisos.
Resumir importância.
Alertar a memória do tempo.
Numa relação, afago é privilégio.

E se por um acaso a gente saísse junto, isso mesmo, eu e você, que pudéssemos rir de bobagens, você me conta suas histórias, eu juro que ouvirei atentamente cada uma delas, e se der tédio, eu te peço pra parar sem que você perceba, sem que ofenda, falando coisas do tipo: o quanto você é incrível. Sim, porque eu te acho incrível. Eu poderia te mostrar que nossa prosa dá em versos. E te recitaria Pessoa. Talvez me 'embananasse' todo na explicação e falaria de Bukowski. O quanto ele me afeta. Poderia te falar das memórias e tudo o que ela ama para ser terno.

Talvez você goste dos meus devaneios, talvez você seja uma poesia prestes a ser escrita e não se dá conta por qual poeta vai te desnudar, não vou te resumir, tão ambíguo, tão forasteiro, tão dono de si, que por um algum segundo, em pensamento, concluí: queria que você ficasse. Mas você é livre, seu espírito cheira liberdade. Embora eu não tenha a menor intenção em te pôr numa gaiola. Meu fetiche é observar seus voos. É admirar daqui, de longe, querendo estar perto, e te aplaudir. Você vai se achar.

Parece coisa de pele. Nós somos gigantes. Eu espero que a gente se abrace. Não como em outras vidas. Agora. Agora que você sabe mais de mim. Agora que eu existo. Agora que eu te quero. Te quero de uma forma livre, sem definições, sem deixar para depois. Te quero como o acaso que escolheu ser sem mais.

Poderia fechar meus olhos agora e ainda visualizar você sorrindo e sendo uma das paisagens mais satisfatórias que minhas memórias inventaram, só pra te contemplar. 

Eu sou inseguro, desequilibrado, cético, um montante de caos, mas depois de você, eu congelei. E não sinto medo em mostrar minhas vulnerabilidades. Até prefiro que seja, que se reconheça em mim, um motivo só para ficar.

E a gente se abraçasse? Como num final de filme, e caminhasse até o final da curva, onde os olhos já não alcançasse, e então, sumiríamos igual fumaça da cena.

Você é uma parte boa de uma realidade ruim. Mas se acaso ficar, você e eu, vou te pedir só um favor: chega sorrindo quando for abraçar antes do beijo.

Hudson Vicente.

Um comentário:

  1. Queria ainda poder me permitir, ter "viagens" que me proporcionassem traduzi-las em textos-palavras, reais ou não, pouco se dá, já que o importante é transformar o "papel" num "confessionário" de sonhos ou, quem sabe, de vivências que quero, mas não me permito mais, pelo menos, aqui onde tenho vivido, mesmo a contragosto de minha vontade.
    Bora, meu amigo, seguir que suas "viagens", reaus ou imaginárias, sigam lhe oferecendo essas inspirações que sua generosidade nos oferta.
    Cheiros e tudo de bom!

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