segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Não haviam borboletas no estômago



tentei
inúmeras vezes ser paraíso
sorriso forte, igual mar aberto
florescia em dias de sol
irradiava liberdade
construía caminhos para serem percorridos lado a lado

fui proibido tantas vezes de demonstrar afeto por quem me afetou
guardei cada gesto de carinho numa nuvenzinha lá no céu
a lua, a noite, fazia o meu papel
dançava sozinha em sua imensidão estelar
às vezes chorava e não tinha ninguém pra acalmar
era tão distante
eu aqui e ela lá
não podia abraçar

por aqui seguia o incômodo
às vezes umas borboletas no estômago
isso foi só depois do beijo
não haviam nem pássaros, nem flores
senti temores, coração inquieto
ansiando chegadas, torcendo pelo fim das partidas
ao universo grito em voz baixa
desamarra
desamarra
deixa o amor florir em nós?

Hudson Vicente.

Um comentário:

  1. Tens andado bem intenso, meu amigo! Pode-se perceber toda essa carga em teus últimos escritos e esta intensidade, pelo menos para mim, tem sido acolhida de uma forma tão direta, que chego a pensar: estará este terrível menino lendo algo dentro de mim? Sei que não! É a alma do poeta que grita esse grito e que faz ao leitor se sentir tão intensamente tocado! Valeu, meu bom, estou gostando cada dia mais de ler você, através de seus escritos! Abração e sempre adiante!

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