sempre volto a amar
quando volto pro mar
à deriva na vida
você vai voltar
cicatrizes são marcas
que o tempo não apaga
nem as memórias
dolorosas de um passado insistente
o amor é feito uma tatuagem
desenhada no seu rosto
e, apesar de tudo
combinou contigo
só mesmo o tempo pra dizer
como ela vai ficar
enrugada, marcando a passagem
da duração relativa das coisas
olha pras nuvens do seu céu
como consegue enxergá-las daqui
mesmo tampando seus olhos
reparando bem, quem é normal?
corri, afundei o pé na areia
e meu corpo também
de volta à superfície, engoli água, o choro
o orgulho, quem me salvou?
entrei no mar, não caminhei
parecia raso quando me joguei
senti uma mão forte me puxando
me trazendo de volta
abri os olhos marejando saudade
na boca o gosto de sal
pessoas em volta com a testa franzino
perguntando quem eu era, se estava bem
cospi toda a água retida no peito
no pulmão, não sei, tinha gosto de peixe
coração tinha esquecido como bater
e voltou
voltei
eu era você
quando deixou de ser eu
pra ser quem?
o mar.
Hudson Vicente.
Não se perca, eatrelinha
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